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Parashat Vaetchanan 5779 – Exemplo pessoal

Uma história antiga fala de um vendedor de chapéus que passou pela floresta e adormeceu sob uma das árvores. Quando ele acordou, descobriu que todos os chapéus que estavam com ele haviam sumido, exceto seu chapéu pessoal. Nos galhos das árvores ao seu redor, haviam macacos festejando em voz alta, o uso dos chapéus. O vendedor de chapéu acenou com suas mãos e os macacos vieram atrás dele, ele bateu os pés no chão e os macacos atrás dele, ele ameaçou gritos e os macacos imitaram sua voz. Então, com raiva e frustração, ele jogou o chapéu no chão, os macacos voltaram e jogaram todos os seus chapéus … uma vez um grande educador disse aos pais: “As crianças nunca se especializaram em prestar atenção a seus pais, o que em sim se especializaram, foi em imitá-los. Este é o único modo de saberem como se comportar, imitando seus pais como modelo, pois eles não tem outros modelos de imitação mais próximos “.

Está escrito na Parashá (Devarim 6:7): ” veshinantam levanecha vedibarta bam, beshivtechá beveitecha uvelechtechá baderech ubeshochbecha ubekumecha – E ensinarás a teus filhos e sua conversa será neles ao estares sentado em sua casa, no caminho, ao deitar e ao levantar”. Este passuk nos ensina sobre a obrigação dos pais ensinarem a seus filhos o estudo da Torá. A princípio, a ordem dos pessukim é difícil de entender. Pois a princípio deveria estar escrito a obrigação do próprio pai de estudar Torá “vedibartá bam – e sua conversa será neles (nas palavras e estudos da Torá)”, e em seguida a obrigação de ensinar aos filhos ” veshinantam levanecha – e ensinará a teus filhos”? Em outra passagem na Torá (Devarim 11:19), consta o seguinte: ” velimadetem otam et beneichem ledaber bam beshivtecha beveitecha uvelechtechá baderech ubeshochbecha ubekumecha – e vocês ensinarão a seus filhos a falar neles (nas palavras de Torá) ao estares sentado em sua casa, no caminho, ao deitar e ao levantar”. A questão é a seguinte: por que o passuk iniciou na linguagem plural ” velimadetem – e vocês ensinarão” e terminou na linguagem singular ao estares sentado em sua casa?

Escreve o autor do livro Seridei Esh, o Rabino Yechiel Yakov Vainberg Zts”l, que a Torá nos ensina nestas passagens, o alicerce dos alicerces da educação de nossos filhos, que é o “exemplo pessoal”, e descreve que um dos maiores obstáculos encontrados na educação contemporânea é a “falta de confiança” entre a criança e seus pais, porque vê uma contradição entre o que é exigido dele a fazer e entre o feito em prática por seus exigentes, ou seja, “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Quando os filhos percebem que o exigido deles pelos pais, os pais não exigem de si mesmos, eles se distanciam de seus pais.

E para superar este obstáculo, a Torá nos ensina o seguinte: ” veshinantam levanecha – E ensinarás a teus filhos. De que modo poderemos garantir que este ensinamento realmente ficará com nossos filhos e eles o seguirão?!? A resposta está na continuação do passuk: “ vedibarta bam, beshivtechá beveitecha uvelechtechá baderech ubeshochbecha ubekumecha – e sua conversa será nelas (nas palavras da Torá) ao estares sentado em sua casa, no caminho, ao deitar e ao levantar”. O único modo de transmitir a nossos filhos a importância do estudo da Torá (e todos os bons comportamentos que desejamos que absorvam) para que eles mesmos o façam, é simplesmente o exemplo pessoal. Ao transmitir estes ensinamentos, devemos deixar que os filhos absorvam por si mesmos estes ensinamentos, pensando neles de que modo transmitir a eles tais ensinamentos, mas deixando-os absorver os ensinamentos, cada um de seu modo pessoal, para que eles absorvam seus próprios caminhos e suas próprias escolhas. Quando o caminho é mostrado por nós (através do exemplo pessoal), mas a escolha de seguir o caminho é deles, esta é a melhor receita para que realmente nossos filhos sigam o caminho desejado e mostrado por nós.

No espírito dessas observações, o Maharal explica a passagem do Talmud (Sanhedrin 94b), sobre a época de ouro nos dias do Rei Chizkiyahu, que não se encontrava uma sequer criança desde o norte até o sul de Israel, que não sabiam de cor as leis de pureza e impureza, que são as leis mais difíceis de serem entendidas. Explica o Maharal, que mesmo que o Talmud diz que nesta situação todas as crianças tinham conhecimento em tais leis, foi por que o Rei Chizkiyahu transmitiu e obrigou a todos o membros do povo sobre a importancia do estudo da Torá. Isto não significa que mesmo as meninas foram obrigadas a estudar Torá, mas o ambiente foi tão contagiante, que até todos os membos da família, mesmo os mais pequenos e pequenas sabiam de cor tais leis, pois nestes assuntos foi a conversa de casa. Daqui aprendemos, diz o Maharal, a grande importância do exemplo pessoal, e somente com ele, poderemos transmitir a nossos filhos o que realmente desejamos que absorvam.

Este é o real ensinamento do famoso conto trazido no início deste artigo, a única coisa que fez com que os macacos devolvessem os chapéus ao vendedor, foi o próprio fato de que ele simplesmente jogou o chapéu no chão.

Nossos filhos são como “macacos”, copiam nossos atos. Porém ao crescerem, absorvem a importância, para que possam transmitir a seus descendentes.

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