יְהוֹשֻׁעַ בֶּן פְּרַחְיָה וְנִתַּאי הָאַרְבֵּלִי קִבְּלוּ מֵהֶם. יְהוֹשֻׁעַ בֶּן פְּרַחְיָה אוֹמֵר: עֲשֵׂה לְךָ רַב, וּקְנֵה לְךָ חָבֵר, וֶהֱוֵי דָן אֶת כָל הָאָדָם לְכַף זְכוּת:
Yehoshua ben Perahia e Nitai Haarbeli, receberam deles (dos anciões da grande assembléia), Yehoshua ben Perahia sempre dizia: faça para ti um rabino, compre um amigo, e julgue todas as pessoas para o bom lado.
Nossa mishna apresenta a próxima corrente na transmissão da Torá – Yehoshua ben Perahia foi o presidente do Sanhedrin, e Nitai Harbeli foi o chefe do Beit Din.
Naquela época, o reino dos Chashmonaim floresceu, mas, ao mesmo tempo, o poder das seitas renegadas, os saduceus e os baitussim, que tentaram arrancar a Torá Oral do povo de Israel, foram fortalecidas. Nestes dias, os líderes espirituais do povo de Israel sofreram a perseguição das autoridades, até que Yehoshua ben Perahia foi forçado a fugir para o Egito por medo do reino.
Ao fundo da luta entre os chachamim e os líderes das seitas renegadas, Yehoshua ben Perahia enviou três instruções para as gerações vindouras. Com estas instruções é possível estabilizar que aquele que procura a D'us, garantirá um progresso contínuo na direção certa.
“Faça para ti um rabino”
Esta orientação destina-se a alunos principiantes e avançados, tanto para aquele que tem dificuldade, quanto àquele que é esforçado. Não há quem não precise de um mentor, cada um deve nomear um rabino para si e colocá-lo como seu orientador nas diversas questões da vida.
O rabino é a autoridade espiritual da Torá que um judeu é obrigado a coroar. Embora a função principal de um rabino seja o estudo da Torá – ele responde as questões da Halachá e dá sua opinião sobre assuntos contemporâneos. O rabino é o líder da comunidade e leva seus ombros cada questão momentual. É a pessoa que toma as decisões no nível público, e também no nível privado, a pessoa consulta com ele e obedece suas instruções. A razão que o rabino opina também em assuntos mundanos, mesmo não tendo a princípio conceitos sobre isso, é a seguinte: Chazal descrevem que várias e várias gerações antes da criação do mundo, D'us escreveu a Torá. Basenado-se na Torá, Ele criou o mundo, como está escrito em chazal, “isstakel beoraita ubará alma-olhou na Torá e criou o mundo”. Portanto, a Torá é o manual de instruções do mundo. Quanto mais a pessoa tem conhecimento da Torá, é mais próxima a saber utilizar este “manual” de modo melhor.
Certa vez uma pessoa que devia fazer uma operação na cabeça, veio perguntar ao Chazon Ish, sobre esta operação, o Chazon Ish desenhou para esta pessoa o modo no qual deveria ser feita a operação. Antes de operar, o cirurgião observou o desenho e viu que se ele fizesse do modo que ele pensava em fazer, a pessoa provavelmente não resistiria à operação. Tão impressionado ele ficou, que decidiu junto com o paciente, ir visitar ao
“médico” que fez tal desenho. No encontro lhe disse o Chazon Ish, que não havia estudado nada de medicina, porém como no Tratado de Chulin consta sobre tal assunto, ele baseou-se nisso para desenhar o esquema do cérebro da pessoa.
Como “fazer” um rabino?
Prestamos atenção à ênfase na Mishná. A expressão “faça” indica a necessidade de investir esforço, para que você tenha um ótimo rabino. Mesmo se você acha que não há ninguém digno de ensinar você, e seu conhecimento não é menos do que o de qualquer outra pessoa, no entanto – “Faça um rabino para você”, “trabalhe” em suas virtudes, melhore-as e subordine-se à uma autoridade espiritual.
Uma pessoa que se considera conhecer tudo e afirma: “O que mais posso aprender?” Pode permanecer em estado de estagnação e até mesmo recuar, D'us não permita. Por meio de uma autoridade superior, podemos avançar, fazer uma altura sábia e de alcance.
“E compre um amigo”
Outra condição para o seu desenvolvimento é um bom amigo. Para alcançá-lo não basta fazer, você deve comprá-lo, investir esforços e recursos para comprá-lo para si mesmo como um bem pessoal para sua vida.
“Chavruta-companheiro de estudo” é importante para o estudo da Torá. Uma pessoa que estuda sozinha pode errar, sem que haja ninguém para tirá-lo do erro. Quando os alunos estudam juntos, os alunos se afiam entre si, aguçam suas dúvidas e respostas, e as coisas ficam claras.
Um amigo não é apenas um bom “ingrediente” que melhorará o estudo, ele também é essencial para levar uma vida normal espiritual e materialmente. A regra induzida pelo rei Salomão, é muito potente e forte (Kohelet 4:9): “Os dois são melhores do que o único”. Quando um bom amigo descobre um ponto de fraqueza ou um comportamento inadequado, ele não se abstém de lhe dizer críticas construtivas. Há uma necessidade de que o outro soubesse que, em sua repreensão, ele se referia apenas a seu próprio bem. Quem não precisa de conselhos ocasionais, encorajamento e apoio em tempos difíceis?
Um amigo próximo poderá oferecer conselhos sinceros com profundo conhecimento. Um bom amigo é uma parede para derramar lágrimas e um ombro para se apoiar. Quando você escolhe seus amigos, certifique-se de ter um amigo que não pensa em que benefício ele derivará da amizade, mas sim um amigo que realmente procurará sempre o bem-estar do próximo.
“…e julgue todas as pessoas para o bom lado”
A terceira orientação do sábio desta mishná. é um conselho milagroso para resolver qualquer discussão, para preencher qualquer mal-entendido, para resolver qualquer divergência antes que ela se desenrole, e para solucionar todas as queixas antes que ela aumente. Para pintar o mundo em cores de fraternidade e paz.
Em cada confronto com os outros, em cada encontro, em cada fricção – veja-se como um juiz.
Veja as balanças balançando na sua frente, e com sua sabedoria pode decidir julgá-las para o bom lado. Como? Não procure o culpado, não olhe para a culpa. Em vez de julgar severamente, estar com raiva, ressentir-se, culpar-tentar encontrar motivos ocultos para justificar o ato, tentar localizar boas intenções, encontrar uma interpretação de boas intenções, para justificar o comportamento intrigante. Comporte-se do mesmo modo que você gostaria de ser julgado.
Se, no entanto, você achar difícil encontrar um bom motivo que justifique este ato, observe: o ato que você viu é uma pequena parte do todo. Você observou uma pequena situação parte de uma longa cadeia de eventos, uma pequena partícula no mosaico – você ainda não conhece a “pessoa”. Para julgar objetivamente, você deve conhecer “a pessoa”, para conhecer todos os aspectos de sua personalidade, para entender seu passado e o fundo de onde ele veio, conhecer os motivos ocultos, as intenções ocultas.
Você deve olhar para uma pessoa de uma perspectiva ampla e inclusiva, levando em consideração todos os elementos que compõem o comportamento.
É melhor tentar decidir favoravelmente e ver a luz do ato. Se adotarmos uma visão positiva das pessoas, ganhamos isso no céu também, seremos julgados pela virtude que julgamos aos outros.
A obrigação de julgar as pessoas para o bom lado, no aspecto da halachá.
Nossa Santa Torá nos obriga a julgar as pessoas para o bom lado, como está escrito: “Você deve julgar o seu colega com legibilidade”, e se o fizéssemos, não haveria calúnia e fofoca no mundo e teríamos sido redimidos por um longo tempo. Julgar para o mau lado, é a raiz de onde nascem as palavras de calúnia e fofocas. Quando a pessoa vê seu amigo cometendo algo que a pessoa julga para o mau lado, já tem o que contar sobre esta pessoa, e pode chegar a contar calúnia e fofoca. E, em muitos casos, é apenas uma questão de tempo em que ele contará a história ou agirá em detrimento de seu sujeito, e se ele tivesse julgado para o bom lado, não teria nenhuma fofoca a contar sobre seu amigo.
Existem casos em que o ato do mal é cometido, por causa de certas circunstâncias, como por exemplo, uma grande pressão nos seus meios de subsistência ou em outros assuntos, e se não fosse esta pressão, não teria feito este ato, e mesmo que o ato feito seja proibido, em qualquer caso, é mais fácil em sua severidade do que um ato que é feito com desprezo ou desrrepeito. Além disso, este ponto ajuda a reduzir parte da gravidade da ação feita.
Portanto, mesmo quando é impossível limpar completamente a pessoa que cometeu o ato, devemos reduzir a gravidade do ato, e isso é “com justiça julgarás seu colega”.
Quem julga seu pelo bom lado, D'us também lhe julgará pelo bom lado.
O ladrão dos órfãos
É assim que parecia – a sorte da família Cohen não era boa. A três anos atrás, seus pais faleceram em um acidente de carro fatal. As crianças viveram com imensa dificuldade, e mesmo que os habitantes da cidade os ajudaram, de qualquer modo suas vidas eram insuportáveis. Um dia, eles chegaram ao açougue para comprar um pequeno pedaço de carne para Yom Tov. Apesar de sua difícil situação, fizeram todos os esforços e não deixaram de seguir o caminho da Torá. O Sr. Levy que estava na fila do caixa, acompanhou as crianças com olhar misericordioso. As crianças deixaram o pequeno pedaço de carne na balança. Quando o Sr Levy viu o preço que estava escrito no recibo, ele gritou com o proprietário do açougue lhe perguntando, por que estava roubando os órfãos. Por que você cobra tanto dinheiro deles?!? Como você tira proveito dos órfãos?!? Ele emitiu avisos contra o dono da loja sobre tal assunto, até que ele teve que fechar a loja e passar por fome.
Será que neste caso seria possível julgar pelo bom lado?
No final da história, o Sr Levy percebeu seu grande erro. O dono do açougue lhes concedia carne gratuitamente todas as semanas !!! E para que os órfãos não fossem humilhados, ele lhes daria um recibo que não pertencesse a eles para que os outros compradores não percebessem que estavam recebendo gratuitamente! Quando ficou claro para o Sr. Levy que tudo isso foi feito para não envergonhar os órfãos e que eles não pagariam a conta, ele estava cheio de tristeza e imediatamente implorou ao dono da loja o perdão, mas já era tarde demais…
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