Bandeirantes I

O livro de Bamidbar – o livro do censo, começa com a contagem do povo de Isreal no deserto, sua localização e o símbolo de cada tribo, expressado nas bandeiras. A ordem da caminhada do povo no deserto, foi determinada por D'us, como consta na Torá (Bamidbar 2:2): ” cada homem com sua bandeira com sinais da casa de seus pais, estacionaram os filhos de Israel”. D'us ordenou em qual posição do vento cada tribo e cada bandeira  estacionaram, e qual será a ordem de cada caminhada no deserto. Assim também D'us determinou a ordem de estacionamento da tribo de Levi: Moshe e Aharon no lado oeste, os descendentes de Kehat no lado sul, os descendentes de Guershoni no lado leste, e os descendentes de Merari no lado norte.

Nossos sábios de abençoada memória nos ensinam que tudo o escrito na Torá, não foi somente uma orientação momentânea, mas sim uma orientação eterna para as futuras gerações. Portanto, nós que não vivemos no deserto, que moral podemos aprender através da passagem dos bandeirantes no deserto?

O autor do livro “Maor Vashemesh”, o Rabino Moshe Yechiel Halevi Epshtein Zts”l,  nos ensina uma profunda fundação espiritual para as futuras gerações, que é aprendida dos bandeirantes.

“A verdade é que o povo de Israel, sempre deve estar unido em qualquer circunstância. Porém, cada uma deve pensar profundamente e ter conhecimento de sua inigualável personalidade e característica, para saber de quem se aproximar ou de quam se afastar. Assim consta no midrash: “Tzadik katamar ifrach- o justo florescerá como uma palmeira”. Do mesmo modo que a palmeira tem galhos, folhas e etc…, assim também no povo de Israel cada uma tem sua função específica que é somente dele. Portanto, cada pessoa deve conhecer suas qualidades, características e virtudes, para saber sua real posição e com quais pessoas deve se juntar para que possa alcançar seu verdadeiro objetivo que D'us lhe determinou”

Ou seja, se uma pessoa quer que crescer e florescer, deve observar que escala de valores deve seguir, sendo esta escala adequada à sua personalidade, e, partindo deste princípio subirá devagar e seguro no serviço Divino. E o exemplo disso é a palmeira. Esta árvore tem muitos e variados usos. Os galhos não tem a mesma utilidades que o lulav, e o lulav, não tem a mesma utilidade que os frutos… . Cada pessoa deve internalizar, que cada um tem sua pessoaal e especial função. Infelizmente, existem aqueles que esquecem que cada um tem sua posição, e tentam se auto-colocar em posição alheia à eles.

Baseando-se neste princípio, continua explicando o “Maor Vashemesh”: “Aquele que tem valores superiores, que não se ponha na posição daquele que tem valores inferiores. Pois mesmo que através que “descendo do olimpo” ele possa conseguir mais proximidade Divina, mesmo assim, que nunca ultrapasse de seus limites espirituais (ou seja, a pessoa não deve ” diminuir seu nível espiritual” para se aproximar de D'us). Do mesmo modo, a pessoa que ainda não alcançou certa superioridade espiritual, que não faça força demasiada posicionando-se em nível além de seu alcance. Neste caso, a pessoa deve pedir ao Todo Poderoso, que lhe aproxime Dele “devagar mas seguro”

“Na posição de estacionamento do povo no deserto, encontramos que o povo de Israel esteve posicionado distante da arca sagrada. Eles não forçaram para estar mais próximos do que deviam. De onde aprenderam este ensinamento e lição?! Diz o Midrash, que quando os anjos celestiais desceram à este mundo no momento da outorga da Torá, estavam todos em suas devidas posições, tranquilos e quietos, sem que nenhum deles procurasse se posicionar no lugar de outro anjo… .

Outro importante ensinamento desta passagem, é que quando cada um reconhece sua verdadeira e real posição, entenderá que ele pode influenciar positivamente e ser influenciado positivamente neste lugar. Caso esteja em posição não adequada a si, pode ser mau influenciado e tam pode influenciar ao mal. As tribos posicionadas próximas às cabanas de Moshê Rabenu e de seu irmão Aharon Hacohen, eram as tribos de Yehudá, Issachar e Zevulun, que eram as tribos que se ocupavam com o estudo da Torá. E por outro lado, vemos esta influência também no lado oposto. Pois próximo às cabanas da família de Korach (que fizeram rebelião contra os cargos de Moshê e Aharon), estava estacionada a tribo de Reuven, que foram influènciadas a participar desta rebelião e que receberam uma severa punição por terem participado junto com Korach”.

Através desta lição, surge uma óbvia pergunta: por qual motivo os membros da tribo de Reuven receberam um severo castigo por terem participado da rebelião de Korach, uma vez que não foram eles que determinaram que sua posição era próxima a família de Korach? Eles podiam argumentar que foram influenciados a participar por motivo de força maior.

O Grão Rabino da cidade velha de Jerusalém, o Rabino Avigdor Neventsal Shlit”a, explica este assunto com uma resposta brilhante e maravilhosa: na verdade, D'us realmente determinou a posição de cada um no acampamento, porém Ele não determinou que eles seriam influenciá-los ao bem. E com isso ao invés de participarem da rebelião contra os líderes, eles simplesmente influenciariam que esta rebelião não acontecesse.

Conclusão

Cada pessoa tem sua “bandeira” particular. Esta bandeira lhe orienta a moldar seu estilo de vida, de acordo com sua função expressada na “bandeira”. 

Essa consciência também se relaciona com a posição do homem perante a D'us. Uma pessoa não deve quebrar seus limites nessa área e tentar resistir a um nível que não é adequado a ele.
 

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