Naturalmente, a riqueza e a sabedoria podem influenciar (caso a pessoa não conduza corretamente), que aqueles que as possuem estejam de corações bloqueados às necessidades de seus companheiros, fato que carrega consigo o desprezo por aqueles que não são como eles.
Existe uma diferença básica entre aqueles que são mesquinhos em relação à seus pertences materiais e entre aqueles que são mesquinhos em não compartilhar sua sabedoria com os outros. Será que ao compartilhar sua sabedoria com os outros, lhe faltará algo de sua sabedoria? Portanto, o que causa que o rico em dinheiro e em sabedoria, não compartilhe o que tem com os outros, é a insensibilidade aos pobres em dinheiro e sabedoria.
Caso os ricos saibam o quão perigoso é esta falta de sensibilidade, pensariam duas vezes antes de “fechar as saídas de riquezas e sabedoria”. A pessoa deve ter reconhecimento que ele é criado e não criador.
Na parashat Behar, consta sobre o preceito de não cultivar e trabalhar na terra durante o ano sabático. E assim conta na Torá (Vaikrá 25:3-6): “durante seis anos plantarás seu campo e seis anos podarás seu vinhedo e colherás seus frutos: e no sétimo ano será um “sábado de descanso” para a terra. Descanso para D'us não plantarás seu campo e não podarás seu vinhedo: o rescaldo de sua plantação não colherás…”
Esta mitsvá coloca o agricultor à uma tremenda experiência de fé, ao deixar de cultivar seu campo durante quase três anos, pois se não pode colher no sétimo ano, porque plantará no sexto ano? E se não planta no sétimo ano, o que colherá no oitavo ano? Não só isso, o que cresceu no sétimo ano, sendo do plantio do ano anterior, a Torá ordena que o campo esteja aberto a quem queira colher. Para ilustrar o tamanho do teste colocado por D'us, devemos imaginar o que sente um empresário que recebe uma órdem de fechar sua fábrica por três anos, e que deve deixar as portas de seus armazéns abertas ao público.
De fato, a Torá refere-se às implicações desta “greve de trabalho” da terra durante estes anos. Assim consta na Torá (Vaikrá 23:20-23): ” e caso vocês digam : o que comeremos no sétimo ano, já que não plantaremos e não recolheremos nossos cereais? E ordenarei minha benção para vocês no sexto ano e os cereais renderão para três anos”.
Nestes versículos, promete a Torá que tanto a pessoa particular, quanto o público, não será prejudicado e, muito pelo contrário, será abençoado pela guarda do ano sabático.
Rabi Elimelech Milizansk em seu famoso e renomado livro “Noam Elimelech”, faz a seguinte pergunta: Por que a Torá mudou seu modo de expressão apresentando esta benção como pergunta e resposta, ao invés de apresentar diretamente que haverá uma benção especial àqueles que guardarem o ano sabático? Esta incógnita é frisada mais ainda pelo fato que a Torá poupa palavras para escrever somente o ultra necessário.
Portanto qual ensinamento a Torá nos transmite neste tipo de expressão?
A resposta é a seguinte: D'us ao criar o mundo, nos concedeu por Sua grande bondade, meios que transmitem a bondade celestial às pessoas. Por si só, as bondades espirituais, não cessam em nenhum momento. Porém quando a pessoa não se comporta de modo adequado, segundo as diretrizes determinadas por D'us e portanto não tem a devida segurança e confiança em D'us, que Ele alimenta e fornece sustento integral às criaturas, sem para em um só segundo, a pessoa começa a ter certos pensamentos que influenciam nos mundos superiores, fazendo com que a o sustento e a abundância Divinas cessem, D'us nos livre e guarde. Neste caso, D'us terá que novamente ordenar que a bênção celestial inicie novamente. Porém caso a pessoa não pergunte nada, por falta de confiança e segurança Nele, e simplesmente confie integralmente Nele, a bençao celestial contiuará naturalmente sem nenhuma interrupção, sem que a pessoa tenha que fazer perguntas e D'us tenha que dar respostas, a abundância seguirá naturalmente”.
Destas santas palavras, aprendemos que a fé a confiança de cada homem no Criador está ligada e conectada diretamente com a abundância celestial concedida por D'us. Questões de fé e confiança em D'us sobre a abundância Divina eternamente concedida, podem reduzir e até, D'us nos livre e guarde, cessar esta abundãncia. Porém ao confiar Nele cumprindo o preceito do ano sabático, esta abundância volta a ser concedida sem impedimentos. Daqui aprendemos que as ações e os pensamentos de cada um, tem uma influência decisiva sobre seu bem-estar material.
Na verdade, mesmo depois que uma pessoa recebe meios de subsistência e riqueza deve se comportar-se com cuidado para preservar as bênçãos de D'us, pois com muita facilidade pode perdê-las, quando Ele perceber que esta pessoa não é um guardião confiável de sua riqueza, e portanto, transmitirá-la à outra pessoa mais confiável que ele.
Nossos sábios de abençoada memória nos ensinaram no Talmud (Babá Metsiá 38a) que a pessoa prefere uma única unidade de seus pertences, mais do que nove unidades dos pertences de seu companheiro”. Pois a pessoa tem mais afeição e carinho pelos bens que se esforçou para consegui-los. Esta afeição faz com que a pessoa tenha dificuldade de desligar-se de seus bens e portanto, tem certa dificuldade de tsedacá (caridade) com eles. Porém se ele soubesse que tudo, mas tudo mesmo é oriundo de D'us, e todos suas conquistas financeiras, não são nada mais uma benção que Ele põe em seus atos, faria
muito mais tsedacá com seus pertences materiais, muito mais compartilharia com os outros seus conhecimentos espirituais.
No livro Or Hachaim (escrito pelo Rabi Chaim Ben Attar), consta o seguinte: mesmo que possamos explicar que a pobreza é atribuída à falta de esforços físicos não feitos pela pessoa, em relação à riqueza não poderemos explicar deste modo. A simples razão é que a riqueza é muito maior do que as necessidades pessoais de cada pessoa. Portanto que utilidade há para a pessoa ao possuir tanta riqueza?
A resposta é a seguinte: D'us concede a cada um tudo, mas tudo mesmo o que necessita, sem que lhe falte nada. Porém a pessoa que interrompem esta abundância através de seus atos e pensamentos incorretos, seu sustento não será “pego de volta” por D'us, mas simplesmente será posto em outro lugar ou nas mãos de outras pessoas, e com isso, a pessoa pensará nas dificuldades de conseguir seu sustento, e assim procurará sempre melhorar seus caminhos e comportamentos. E aquele que lhe foi transmitido o sustento dos outros para que lhes dê no momento correto, deve ter em mente que toda esta abundância lhe foi concedida para que faça caridade e bondade com aqueles que não a tem.
Continua o Or Hachaim e diz, que se a pessoa viu que possui mais dinheiro e bens do que realmente necessita, deve saber que está não é sua porção de seu sustento celestial, mas sim o que deve chegar aos outros que não tiveram o mérito de que isto chegue diretamente a eles. A pessoa deve pensar e sentir que teve o mérito de que não somente que tem o que necessita, como também tem para distribuir aos outros que não possuem suficientes meios.
A riqueza, não é nada mais do que a abundância daqueles que não tiveram méritos de que estejam em suas próprias mãos. Caso se comporte deste modo, será justificada esta grande riqueza que está e suas mãos. Porém, caso guarde esta riqueza para si, sem compartilhar com aqueles que a necessitam, será cumprido nele o versículo escrito por Shelomo Hamelech (Kohelet-Eclesiastes 5:12): ” a riqueza guardada para seu proprietário, para seu máu”. Ou seja, sua riqueza será pega dele e transmitida a outra pessoa mais fiel e confiável.
Aprendemos daqui, que do mesmo modo que a pergunta “o que comeremos” no ano sabático influi na abudância do sustento de cada um, assim também devemos saber que a bênção e o sucesso dependem dos atos e dos pensamentos de cada um e um.