“Jerusalém -51. Uma boa ideia.”

No próximo Motsaei Shabat, comemoraremos o quinquagésimo primeiro aniversário da união de Jerusalém. No próximo Shabat, a porção lida na Torá, é a porção Bechukotai. O assunto principal desta parashá, são as maldições escritas caso o povo não siga as diretrizes da Torá. Os comentarists frizam, que estas maldições são relacionadas à destruição do primeiro Beit Hamikdash, e ao exílio de 70 anos à Babilônia. 
Neste artigo, será abrangida uma breve cronografia sobre os diversos acontecimentos nas diversas épocas sobre o exílio e a volta à Jerusalém, e o verdadeiro valor desta volta.  
Em 70 EC, perdemos o domínio de Jerusalém.
O exército romano conquistou a Terra de Israel, a cidade onde nós glorificamos por quase mil anos. Os romanos araram Jerusalém, mataram ou levaram como escravos seus habitantes judeus.
Sessenta e cinco anos depois, o imperador romano Adriano construiu a cidade de “Aelia Capitolina” sobre as ruínas de Jerusalém. Os únicos judeus autorizados a entrar eram os escravos. E o nome “Jerusalém” permaneceu apenas nos livros de oração, dos quais nós pedimos a D'us três vezes por dia, para que retornemos à Jerusalém edificada.
No século IV, quando o Império Romano mudou sua face para um império cristão-bizantino, ele retornou seu nome para Jerusalém, sem que seus habitantes originais voltasse à cidade. Judeus ainda vivem em diversas comunidades na Galiléia e as Colinas de Golã foram autorizados a entrar na cidade apenas uma vez por ano – em Tisha BeAv (9 de Av), o dia da destruição do Beit Hamikdash e de Jerusalém. Hronymus, um historiador da época, escreveu: “Os judeus só poderiam vir a lamentar a cidade e deveriam comprar o direito de clamar pela destruição da cidade”.
A conquista árabe em 638 tomou a cidade dos bizantinos, e o califa Omar, o governante muçulmano, permitiu que os judeus retornassem a ela. Um grande enclave judeu estabeleceu-se na parte norte do Monte do Templo. O Monte do Templo em si era, obviamente, a coroa de Jerusalém. Adriano construiu um templo para Júpiter sobre as ruínas do Beit Hamikdash, os bizantinos construíram uma igreja lá, e  sobre estas construções, os muçulmanos construíram a mesquita de Al-Aqsa.
Os cristãos não se reconciliaram com a conquista muçulmana. Cavaleiros de toda a Europa vieram para a Palestina em uma cruzada. Os cruzados retornaram a Jerusalém em 1099, matando todos os judeus e muçulmanos que estavam lá. Sangue no nível do joelho fluiu pela cidade santa. Pouco tempo depois, os cruzados permitiram que um pequeno grupo de judeus retornasse à cidade – eles eram judeus artesões de pintar tecidos. Benjamin de Tudela contou sobre “cerca de 200 judeus que vivem abaixo da torre de David “.
Cem anos depois, os muçulmanos sob o controle de Salah-A-Din, conquistaram-a dos cruzados e, mais uma vez, os judeus receberam livre acesso a Jerusalém. Em um documento desse período, o Rabino Shlomo bar Shimshon descreve como ele chegou ao lado ocidental da cidade, rasgou suas roupas (em sinal de luto, como fazem os enlutados por seus entes queridos) e lamentou a destruição de Jerusalém.
Os Mamelucos Egípcios conquistaram a cidade no ano 1250 . Quando o Ramban (Nachmanides), o Rabino Moshe ben Nachman, chegou a Jerusalém, vindo da Espanha, ele não conseguiu encontrar judeus suficientes para um minyan. Em uma carta que ele escreveu a seu filho: ” Na cidade santa de Jerusalém, … e eu vou dizer-lhe sobre o país, que esta totalmente abandonada. Jerusalém foi totalmente destruída… Nós encontramos uma casa feita de colunas de mármore e uma bela cúpula, e tomamos-a para a sinagoga, porque a cidade está vazia e quem quiser conquistar para si qualquer parte das ruínas, será”. O Ramban reconstruiu a comunidade judaica em Jerusalém e a fez crescer.
Em 1516, os Turcos Otomanos conquistaram a cidade. O magnífico Sultão Solimão, reconstruiu as muralhas de Jerusalém e encorajou os que foram expulsos da Espanha (pela inquisição) a se estabelecerem nela. Parecia que finalmente chegou a época que o povo judeu estava voltando para sua cidade de origem. Porém em menos de cem anos depois, o regime turco mudou sua conduta e impôs pesados ​​impostos e proibições aos judeus de Jerusalém. Mesmo assim, os judeus continuaram a seguir seus corações e orações para que retornaram à Jerusalém. 
Em meados do século XIX, a densidade demográfica da cidade muralhada de Jerusalém era tão grande, que alguns de seus moradores se ofereceram para sair das muralhas. Mas sem a proteção das enormes paredes de pedra, eles estariam sujeitos aos caprichos de bandidos da área. Moshe Montefiore deu o primeiro passo para resolver o problema, construindo um complexo protegido fora dos muros. Vinte famílias judias corajosas se mudaram. O enclave judeu se espalhou rapidamente, e a nova cidade de Jerusalém se expandiu muito mais da cidade original que começou a ser chamada como “a Cidade Velha”.
Os britânicos derrotaram os turcos na Primeira Guerra Mundial e, em 1917, o general Allenby entrou triunfalmente nas muralhas da Cidade Velha. Os britânicos dividiram a Cidade Velha em quatro partes: o bairro muçulmano (na verdade metade da Cidade Velha), o bairro cristão, o bairro judeu e o bairro armênio. A divisão era artificial – de acordo com o censo do próprio governo britânico, a maioria dos moradores do “bairro muçulmano” eram judeus.
Os britânicos mantiveram os regulamentos restritivos dos turcos em relação ao Muro, o local judaico mais sagrado do mundo. Os judeus só podiam rezar em uma parte estreita do Muro das Lamentações. Os judeus foram proibidos de trazer bancos ou cadeiras. Eles foram proibidos de colocar uma partição semelhante à das sinagogas. Aqueles judeus que ousaram tocar o shofar em Rosh Hashana ou no final do Yom Kippur foram presos.
Quando em 1948 os britânicos foram forçados a deixar o país pelas Nações Unidas, começou a Guerra da Independência do Estado de Israel. A cidade Velha de Jerusalém, incluindo o Monte do Templo e o Muro das Lamentações, caíram nas mãos do exército Jordaniano. Todos os habitantes judeus foram expulsos. Os homens foram levados prisioneiros de guerra para a Jordânia, e as mulheres, crianças e idosos expulsos através do portão de Sião. As residências foram cruelmente saqueadas e queimadas.
O jovem Estado de Israel, que nasceu naquele mês, declarou que a cidade de Jerusalém é sua capital. O primeiro primeiro ministro de Israel, declarou que era impossível avaliar, pesar ou expressar em palavras a importância de Jerusalém. “Se o povo e a terra têm alma”, disse ele, “Jerusalém é a alma da terra de Israel e do povo judeu”.
A nova cidade de Jerusalém tornou-se a residência tempestuosa das instituições governamentais, educacionais e culturais. Seu núcleo, a cidade murada cercada por cercas de arame farpado ameaçadoras, permaneceu fora de Israel.
Por 19 anos, Jerusalém – a verdadeira Jerusalém, a Cidade Velha – permaneceu apenas em nossas orações e sonhos, por estar nesta época no domínio muçulmano. 
Chegou o terceiro dia da guerra dos seis dias, 28 do mês de Yiar 5727 (7-6-1967), quando o exército israelense estava combatendo o exército jordaniano nos territórios ao longo da faixa de terra abandonada ao redor da cidade velha, repentinamente, o comandante israelense descobriu que a cidade velha poderia ser devolvida a nós. Nas pastas de documentos militares, haviam planos de como conquistar cada lugar do estado de Israel, menos sobre a cidade velha. Seus vastos muros e torres construídos, impediam a entrada de qualquer intruso, tornando-a impossível de ser conquistada. Porém nesta guerra, que diversos milagres aconteceram nela, será que seria possível reconquistar e libertar a cidade velha de Jerusalém?
A ordem para conquistar a Cidade Velha foi dada à Brigada 55 dos para-quedistas. O comandante, cujo anseio por Jerusalém corria em suas veias, ficou entusiasmado com o direito de ser quem comandaria as forças judaicas, que finalmente retornariam integralmente, depois de 2.000 anos, Jerusalém às mãos judaicas.
Os para-quedistas entraram pelo portão dos leões. Para sua surpresa, exceto por ocasionais disparos de atiradores de elite, não houve resistência real. As forças jordanianas se retiraram da cidade na noite anterior. As forças israelenses continuaram como um imã e avançaram diretamente para o Monte do Templo. As palavras do comandante, que foram ouvidas em rádios em abrigos, bunkers e bases em todo o país, continuarão a ressoar na história moderna do povo judeu, como o grito de vitória de um povo derrotado que se tornou vitorioso: “Jerusalém está em nossas mãos!”
Não é por acaso que o dia da libertação de Jerusalém caia no mesmo dia da semana que cai a festa de Shavuot.
Mesmo quando estamos em nossa terra, dominando nossos campos, temos que contar os dias e semanas até a outorga da Torá. Ao fazer isso, demonstramos que o verdadeiro sucesso tanto no aspecto material, político e espiritual depende de quanta importância e em que lugar colocamos a Torá em nossas vidas. 
A importância da Torá cresceu imensamente para nós após o exílio de nossa terra e a perca da independência de nossa pátria amada. A Torá continuou e continua sendo o que conecta todos os judeus no exílio. A Torá é a única propriedade que sempre ficou, fica e ficará nas mãos do povo de Israel, em qualquer circunstância. Mesmo quando a terra de Israel foi dominada por nossos inimigos e com isso perdemos nossa liberdade, mas a Torá permaneceu intacta.
“E estavam andando de um povo a outro, e de um reinado a outo povo” (Divrei Hayamim-1 15:20). O povo de Israel esteve como um rebanho disperso e desunido, sem um país e sem sua liberdade. De qualquer modo, mesmo nestas difíceis e insuportáveis situações, o padrão moral não caiu em nenhuma polegada mesmo em desgraças, mesmo estando sem “teto particular”…
Portanto, ele se agarrou a Israel mais firmemente com o único bem que lhe restava, sabendo muito bem que só ele poderia salvá-lo da corrupção e da crueldade que o rodeava. Ele sabia que só a Torá poderia salvar a vida do espírito, a integridade, a pureza de consciência, a verdadeira felicidade da vida familiar e da justiça e honestidade na relação entre homem e seu companheiro.
De fato, o povo de Israel pede e roga a D'us na contagem do ômer até a festa de Shavuot: “Que seja vontade perante a Ti construir o Beit Hamikdash em nossos dias rapidamente, e que nôs dê nossa parte na Sua Torá.”
Quando seremos capazes de entender o valor eterno e verdadeiro da Torá, que não pode ser convertida ou substituída por nenhum valor, e quando tivermos a verdadeira e sincera ânsia para voltar e ser um povo livre e independente em seu próprio país, não apenas para ser livre do fardo das nações, mas realmente para que D'us construa o terceiro Beit Hamikdash, isto tudo acontecerá, junto com a vinda do Mashiach brevemente em nossos dias, Amen.
Um dia, passeei pela Cidade Velha, e ouvi pessoas conversando em português. Eles disseram que eram jornalistas da T.V. bandeirantes e me perguntaram delicadamente se podiam me entrevistar à frente das câmeras. Concordei.
Pergunta: “O que é Jerusalém para você?”
Resposta: É o centro do mundo. Naquela época, o Templo Sagrado estava construído (esperamos que em breve isto volte a acontecer). Lá, eram oferecidos sacrifícios pelos trangressores dos preceitos Divinos. O intuito era que o transgressor se aproximasse de D'us e deixasse de transgredir Seus preceitos ao ver o que acontece com o animal e a percepção que isto deveria deveria acontecer com ele. Deste modo, o mundo estaria livre de pecados e transgressões. Imagine você, disse ao jornalista, como seria o mundo livre e limpo de pecados e transgressões.
Pergunta: Somente em Jerusalém as pessoa podem se aproximar de D'us?
Resposta: Não. É possível aproximar-se Dele em qualquer parte do mundo, tanto neste santo lugar, quanto em qualquer lugar do mundo, pois a presença Divina está em todo lugar. Mas em Jerusalém, o lugar do Templo está mais perto porque é onde o povo de Israel sacrifica seus sacrifícios.
Jerusalém foi trazida de volta a nós com inimagináveis milagres com o intuito que possamos conviver nela com a máxima proximidade Dele.

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