O Rabino Moshe Aharon Stern de abençoada memória, nasceu nos E,U.A. Quando ele tinha oito anos, ele ficou gravemente doente. Seu pai procurou os melhores médicos, pediu aos líderes da geração que rezassem pela pronta cura e bem-estar de seu filho. O pai disse a seu filho: “Veja, todos estão preocupados com sua saúde e estão agregando bons méritos em prol de sua pronta cura. Mas você não faz absolutamente nada.
O menino perguntou: “O que devo fazer?” Seu pai lhe respondeu: “procure receber sobre você um bom comportamento para que você siga-o sempre, após sua pronta cura”. O menino concordou e perguntou: “O que, por exemplo?”. O pai sugeriu: “receba sobre você, que quando você se recuperar com a ajuda de D'us, sempre rezes com minyan!”. A criança prometeu e realmente ficou curada e sã!
Ele manteve sua promessa com devoção por muitos anos. Um ano, ao estar atuando como inspetor espiritual da Yeshivá de Kaminitz em Jerusalém, foi solicitado pela direção da Yeshivá que viajasse aos E.U.A, para arrecadar fundos, uma vez que o edifício no qual a Yeshivá estava instalada não cabia a grande quantidade de alunos e precisavam construir um edifício maior. Ao verificar os vôos na agência de viagens, perguntou se havia vôo com minian.
Os agentes lhe disseram disseram: “Rabino, aqui é uma agência de viagens, não organizamos minian … não podemos garantir um vôo direto com minian. Porém, podemos oferecer um vôo com escala em Amsterdã”. Ele calculou que teria tempo para rezar numa sinagoga desta cidade, que com certeza haverá minian.
O avião pousou em Amsterdã e faltavam cerca de duas horas para que o vôo continuasse. O Rabino Stern não sabia onde havia um minyan na cidade, então ele pegou o talit e o tefilin e saiu do aeroporto procurando uma sinagoga, sem saber aonde e em qual distância estava a mesma. Ele ficou olhando carros passando … De repente, um carro parou ao lado dele.
O motorista perguntou: “Onde você precisa ir, Rabino?” O Rabino respondeu:”Estou procurando um minian para Shacharit.” O motorista generosamente convidou-o a entrar no carro, pois justamente ele vivia fora da cidade de Amsterdã e todos os dias exatamente neste momento passava pelas redondezas do aeroporto para ir à uma sinagoga para shacharit. Ao chegarem na mesma, encontraram oito pessoas para shacharit. Os dois completaram minian, o motorista, após a reza, levou o Rabino de volta ao aeroporto para continuar o vôo aos E.U.A .
Ao terminar de contar esta história, disse o Rabino Stern : ” Vejam: Oito pessoas se levantaram cedo e foram à sinagoga rezar com minian. O nono participante veio de uma aldeia cerca de Amsterdã, e de onde viria o décimo para completar minian? D'us fez com que um judeu viajasse de Israel em rumo aos E.U.A, para completar minian”.
Balak, Rei de Moav, vê o povo de Israel aproximando-se de seu país em sua jornada no deserto. Ele teme por seu destino, por saber das grandes conquistas feitas pelo povo de Israel. Em sua aflição, ele envia uma delegação a Bilam, o mago da terra de Petora, pedindo para que este amaldiçoe o povo, e com isso será trazido o equilíbrio de poder na região.
A pedido da delegação de Balak, Bilam responde como consta na Torá (Bamidbar 22:8): “Passem a noite aqui e vos responderei assim que D'us fale comigo”. Ele comunica clara e explicitamente, que está impossibilitado de agir antes da permissão de D'us.
D'us responde em palavras muito claras (Bamidbar 22:12): “Você não irá com eles, nem amaldiçoarás o povo, pois ele é bendito”.
Podemos duvidar da intenção de D'us? Óbvio que não!!! Porém Bilam escondeu a verdade dos mensageiros de Balak, e fez com que eles sentissem como se D'us estivesse exigindo sua glória. E assim disse Bilam à delegação de Balak (Bamidbar 22:13): ” D'us me impede de ir com vocês”.
Explica Rashi, que Bilam lhes disse que D'us não queria que fosse com esta delegação, porém com uma delegação mais importante… Balak entendeu a mensagem e enviou uma delegação mais nobre e importante, como consta na Torá (Bamidbar 22:15-16): ” e acrescentou mais ministros importantes do que os anteriores… (e a mensagem de Balak a Bilam foi) que lhe honrarei generosamente e farei tudo o que disseres a mim, porém rogo-lhe amaldiçoar este povo”.
Bilam estava completamente ciente da opinião de D'us sobre esta maldição. Porém, mesmo assim, ele convida a delegação e assim lhes diz (Bamidbar 22:19): ” por favor durmam aqui esta noite e assim saberei o que D'us dirá a mim”. A esperança de Bilam foi que talvez neste momento, D'us finalmente permitisse que o povo fosse amaldiçoado. Numa resposta inesperada, D'us lhe disse (Bamidbar 22:20): “se as pessoas vieram chamar a você, levante-se a vá com elas. Porém saiba que o que eu colocar em sua boca, é o que você fará”.
Bilam levantou-se de manhã cedo, preparou pessoalmente seu jumento e partiu com os emissários de Balak. No meio do caminho, aconteceu uma dificuldade inesperada. Assim consta na Torá (Bamidbar 22:22-23): ” E D'us ficou furioso pois ele (Bilam) estava indo. Apareceu o anjo Divino no caminho para atrapalhá-lo…e viu o jumento o anjo Divino parado no caminho, com sua espada estendida…o jumento se desviou do caminho e se foi ao campo”
Este acontecimento inesperado, deixou Bilam muito nervoso e furioso. A tal ponto, que ele bateu em seu jumento três vezes. Por que ele bateu no jumento? Porque ele (o jumento), não cumpriu a ordem de seu mestre, Bilam. Naquele momento, Bilam era como o jumento. Do mesmo modo que o jumento não cumpriu a ordem de seu mestre, assim mesmo Bilam não cumpriu a ordem de D'us. Bilam ficou tão furioso, que o jumento, ao receber pela terceira vez uma pancada de Bilam, abriu a boca e reclamou pelas pancadas recebidas por Bilam. Bilam justificou as pancadas, pois o jumento estava impedindo que ele continuasse em seu caminho.
Na verdade, este acontecimento, foi um sinal Divino para Bilam para que não continue em seu caminho ao e à desgraça. Lhe foi outorgada outra oportunidade para que reconhecer a loucura de seu orgulho. Ele estava tão viciado no ódio ao povo de Israel que seu ódio e orgulho o deixaram cego para ver a verdade.
No Midrash (Bamidbar Raba 20:11), consta um grande ensinamento deduzido desta parashá: no caminho que a pessoa deseja seguir, neste caminho ele é conduzido. Neste ensinamento consta porque D'us “voltou atrás” da primeira orientação dada a Bilam, de não amaldiçoar o povo e em seguida D'us permitiu que Bilam fosse com os emissários de Balak.
D'us não interfere nas ações humanas. Esta é a lei do livre arbítrio que deixa toda a decisão nas mãos de cada um de nós, tanto para o bem, quanto para o mal. Podemos aprender aqui uma grande regra relacionada a qualquer momento de nossas vidas. Muitas vezes escutamos as seguintes justificativas: “não sou culpado, assim foi a decisão celestial!!!” “Foi assim que aconteceu, apesar de ser contra a minha vontade”. Cada pessoa com seu estilo especial de justificativa, não assumindo responsabilidade!!! Nós seres humanos devemos fazer o máximo para fazer a vontade Divina. Nem sempre damos um “tiro ao alvo” acertando exatamente qual seria a vontade Dele. Devemos sempre calcular e programar nossos atos segundo as diretrizes e orientações determinadas por D'us. Porém acima de tudo devemos saber que o único, mas o único mesmo responsável pelos nossos atos, somos nós mesmos.
Na verdade, não devemos nos relacionar deste modo. Dos céus, D'us encaminha a pessoa segundo sua profunda vontade, de acordo com a verdade revelada somente aos olhos do Todo Poderoso.
O Rabino Stern foi guiado pela sua profunda vontade de cumprir o que recebeu sobre si, aos oito anos, não rezar sem minian. Bilam, por diferença, também foi guiado pelo caminho escolhido por si mesmo. De qualquer modo, nós sempre somos guiados “por cima”, a escolha é nossa de saber por qual caminho.
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