Yona Atari, a estrela do programa infantil “Sesame Street”, morreu ontem aos 85 anos. “A vizinha Yona” era um dos meus personagens favoritos naquela rua mágica. Fui ontem, então, olhar alguns programas e relembrar: em um episódio ela recebe o novo vizinho, Natan Datner, e ensina sobre hospitalidade. Em outro episódio ela está doente, e Kipi o porco-espinho a visita. Yona ajuda Kipi a atravessar a estrada, prepara-o para a escola e cultiva suas plantas – tudo em hebraico puro, com respeito pelas crianças espectadoras e com uma presença verdadeira das festas judaicas e do Shabat. Não à toa chamavam à época a televisão de “a televisão educativa”.
Nesta semana, começamos a ler o livro de Levítico na Torah. Segundo a tradição, o estudo de crianças pequenas começa logo com esse livro, que trata de questões de impureza e pureza. Nossos sábios explicam que “יבואו טהורים – ויתעסקו בטהורים”. “Que venham os puros e se ocupem da pureza”. Eu não comparo o Livro de Levítico com Moishe Ufnick (personagem do seriado em Israel), mas mesmo na Vila Sésamo eles sabiam que as crianças eram mais inocentes. Eles têm que começar suas vidas com conteúdo que ainda os influencie e preencha seu mundo.
Não é fácil hoje em dia. Às vezes parece que toda a cultura começou a lutar contra essa inocência. Então ontem tivemos um lembrete: até alguns anos atrás, estava claro para todos nós que a heroína admirada da cultura das crianças deveria ser a vizinha Yona.
*Em sua memoria.