Chazal perguntam no Midrash (Vaikrá Rabá 32:5): por qual mérito nossos antepassados foram redimidos do Egito? Mesmo que os 210 anos determinados para a escravidão chegaram ao fim, era necessário que houvesse méritos para que eles sejam redimidos, uma vez que estavam afundados em baixíssimos níveis de impureza. Então, que mérito eles tinham para essa redenção?
Responde o Midrash: o mérito da redenção foi por não terem mudado seus nomes para nomes egípcios, por não terem mudado seu idioma da língua sagrada para a língua egípcia, e também por não terem se assimilado no povo egípcio. Além disso, eles tiveram o mérito da redenção por não denunciarem uns aos outros ao governo egípcio.
Todas as nações que vão para o exílio, cedo ou tarde se mesclam nas outras nações, deixando de manter quatro sinais que os diferenciam das outra nações: nomes específicos, idioma original, casamentos mistos, cuidado para não caluniar uns aos outros.
Com o tempo, entra na consciência das pessoas exiladas, que se não desejam permanecer marcadas como “estranhos”, e que não querem sofrer rejeição ou opressão social, devem fazer todos os esforços para socializar e misturar-se com a nova sociedade.
O processo de execução é complexo, abrindo mão das quatro características mencionadas acima. No começo os nomes serão modificados para nomes típicos do povo no qual foram exilados, depois disso, mudarão o idioma, em seguida para que se sintam parte da nova sociedade, seus filhos e filhas casarão com as pessoas do povo que foram exilados nele, para que façam parte integral da nova sociedade, e se isso ainda não adiantar, eles não pouparão esforços para denunciar às autoridades, seus parceiros do povo de origem, provando assim sua fidelidade à nova sociedade.
Apesar do declínio espiritual do povo de Israel nos anos da escravidão no Egito, eles entenderam que se os sinais não fossem preservados, toda a nação se assimilaria e o povo perderia sua identidade entre os egípcios.
Durante os 210 anos de exílio, os yehudim mantiveram todos esses quatro sinais diferentes. Os yehudim mantiveram essa “marca original”, destacando-se e diferenciando-se do “povo anfitrião”.
Quando os supervisores egípcios perceberam a diferenciação que não absorvia a cultura egípcia, eles torturaram-os cada vez mais. Por muitos anos, os yehudim sacrificaram suas vidas e a vida de seus filhos, seu sangue e sua liberdade para um propósito: não se assimilar nos egípcios.
O sacrifício e a devoção à preservação das características judaicas foi o que aproximou a verdadeira redenção. Caso o povo manifestasse a vontade de conviver homogeneamente com os egípcios, demonstrando que a cultura egípcia é apropriada à eles, não haveria nenhuma abertura para a redenção da escravidão.
A partir de agora, entenderemos uma explicação mais iluminada sobre a função do o exílio no Egito.
O povo judeu se tornou o povo escolhido por D'us, somente após terem passado a época de treinamento em terra estranha. De que modo o exílio contribuiu na formação do povo escolhido?
O exílio no Egito foi parte do processo no qual D'us preparou o povo para a outorga da Torá, conforme está escrito na Torá (Devarim 4:20): “e vocês foram pegos por D'us, que os tirou…do Egito para que sejam seu povo….”.
Aparentemente, o povo judeu não se “preparou” neste exílio, uma vez que chegaram ao quadragésimo nono nível de impureza, que descendo mais um, já estariam impossibilitados de sair do Egito. Então, como é expressado este processo? E não só isso, consta no Midrash (Midrash Tehilim 15:5), que no momento que o mar vermelho deveria abrir as águas para a salvação do povo, quando este estava cercado pelo mar de um lado, e pelos egípcios que os perseguiam do outro lado, o ministro do mar argumentou que não estaria obrigado a salvar o povo daqueles que eram idólatras, uma vez que o pvo judeu naquele momento também era idólatra. Portanto, surge a óbvia pergunta: será que realmente houve processo de preparação à outorga da Torá?
No entanto, concluímos daqui que a Divina que o exílio servirá como preparação para outorga da Torá, não é do modo que nós pensamos naturalmente. A intenção Divina era de testá-los se se suportariam o exílio chamado de “reator de ferro.” Os povo judeu sofreu demasiada opressão, péssimas e terríveis condições que fariam que qualquer pessoa ou nação nestas condições, mudariam sua identidade, para que parem de sofrer e se mesclem no povo opressor. E neste ponto o povo foi examinado: será que ele manterá sua identidade e singularidade?
O teste do “reator de ferro” foi uma tentativa de preservar a identidade judaica. Na verdade, depois que o povo ultrapassou e suportou este teste, ficou claramente nítido que o povo era leal e fiel a D'us e portanto era digno de estar a frente do Har Sinai para receber a Torá.
A grande maioria do povo (80%) não resistiu neste teste, apenas 20% foram redimidos do Egito, tornando-se o povo escolhido.
Hoje em dia, a “escravidão egípcia”, existe em conceitos modernos. “O trabalho árduo” é expresso em correr atrás do materialismo mesmo tendo que abrir mão de valores morais. Caso tenhamos a coragem e a astúcia de “levantar a bandeira” de nossa tradição judaica, seguindo os caminhos determinados pela Torá e instruídos por nossos sábios, seremos dignos que em breve o terceiro Beit Hamikdash seja construído em breve e que Mashiach Tsidkenu se revele brevemente, Amen..
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