אַנְטִיגְנוֹס אִישׁ סוֹכוֹ קִבֵּל מִשִּׁמְעוֹן הַצַּדִּיק. הוּא הָיָה אוֹמֵר: אַל תִּהְיוּ כַעֲבָדִים הַמְשַׁמְּשִׁים אֶת הָרַב עַל מְנָת לְקַבֵּל פְּרָס, אֶלָּא הֱווּ כַעֲבָדִים הַמְשַׁמְּשִׁים אֶת הָרַב שֶׁלֹּא עַל מְנָת לְקַבֵּל פְּרָס, וִיהִי מוֹרָא שָׁמַיִם עֲלֵיכֶם:
Antignos, homem da cidade de socho, recebeu de Shimon Hatsadic. Ele sempre dizia: não sejam como os servos que servem a seus mestres esperando uma recompensa, mas sim sejam como os servos que servem a seus mestres não esperando a recompensa. E que o temor dos céus esteja sobre vocês
Antignos, era discípulo de Shimon Hatsadic. Ele veio ensinar um caminho no serviço a ser prestado à D'us: que devemos cumprir as mitsvot de D'us por reconhecimento da elevação da mitzva e por amor a Ele, que santificou o povo Judeu com Suas mitsvot. De acordo com essa visão, a pessoa que vive neste mundo, enquanto é materialista, é limitado para entender por que a verdadeira recompensa que D'us concederá pelo cumprimento das mistvot, será dada somente no mundo vindouro.
Portanto, não se deve cumprir as mitsvot para receber uma recompensa neste mundo, pois esta recompensa é impossível de ser medida em parâmetros deste mundo.
A maioria dos discípulos de Antignos entendeu e internalizou estes ensinamentos.
Porém dois de seus discípulos, Tsadoc e Baitos, não entenderam as palavras de Antignos se perguntando, será que ele o operário trablhará o dia inteiro, e não receberá sua recompensa no final do dia? Caso estes alunos levassem em considração a existência do mundo vindouro, não opinariam deste modo. Portanto, eles se levantaram e abandonaram a Torá. Destes discípulos, foram fundadas as seitas de Tsdukim e Baitussim, que entre outras, renegaram e não aceitaram a Torá Oral.
O desejo de receber uma recompensa imediata pelo cumprimento das mitsvot, é semelhante à tentativa de alimentar um animal com uma nota de cém dollares. Não temos as ferramentas para conter a abundância Divina que é dada para as mitzvot, e, portanto, D'us guardou esta recompensa para o momento que as pessoas possam usufruir dela, o mundo vindouro.
A crença em recompensa e punição é um dos principais princípios do judaísmo. Na verdade, será que é admissível e justo esperar receber recompensa pelas mitsvot, ou é apropriado observá-las somente para cumprir a vontade de D'us sem esperar nenhuma recompensa?
Na Parashat Bechukotai, a Torá trata da recompensa e punição envolvida na observância das mitzvot: “Se em meus estatutos vocês caminharem e se vocês obedecerem meus mandamentos, e se vocês os cumprirem, os darei chuva no adequado momento…”
Entendemos daqui, que a Torá promete recompensa neste mundo. Porém no Talmud (Kidushin 39b) consta, que “não há recompensa neste mundo”.
Maimônides explica que esses versículos, não especificam uma recompensa direta pelo cumprimento das mitsvot, pois estes são impossíveis de serem avaliados através de utensílios deste mundo. O que sim está especificado aqui, é que a pessoa que segue o caminho certo demosntrado pela Torá, receberá as devidas condições para que possa continuar a cumprí-los sem obstáculos. A pessoa receberá, saúde, bom sustento, paz e segurança. Mas o que será recebido como recompensa por seu trabalho será na vida eterna do mundo vindouro.
Porém na realidade, nem sempre isto é visto explicitamente. Pode ser que temos uma pessoa que segue os caminhos Divinos, como o escrito na Torá, mas mesmo assim está cheio de sofrimentos e angústias que dificultam à ele o cumprimento das mitsvot.
Sofrimentos e agonia
Como é sabido, o propósito da criação é beneficiar as criaturas, quando a perfeição do benefício é deleitar-se nos prazeres Divinos. Este deleite, é conseguido somente através de que a pessoa esteja próximo a D'us, através do cumprimento das mitsvót. Uma pessoa que continua inconscientemente na correnteza de sua vida neste mundo e, portanto, não anseia por D'us, perde o propósito de sua criação. Para não perder seu propósito no mundo, D'us traz às pessoas sofrimentos e agonias, para que a pessoa chore para Ele, e esse choro é aquele que o aproxima a D'us. E esta é a explicação do versículo: “A quem D'us ama, Ele prova “. Portanto D'us, testou a fé do povo de Israel, ao colocá-los à frente do Mar Vermelho, quando por trás estavam os Egípcios.
Para esclarecer as coisas, pode-se comparar isso com o rei, que costumava se fantasiar como um dos habitantes normais do reino, deixando seu palácio, quando seus guarda-costas assistiem à distância. Certa vez o rei viu um homem pobre vestido com roupas rasgadas, seus sapatos rasgados ao seu lado, pedindo caridade. O rei conversou com ele, e encontrou uma pessoa sábia, inteligente e amável, até que o rei amou tanto esta pessoa, que lhe daria sua filha para casar. O Rei sabia que, se ele lhe dissesse que era o rei, o “mendigo” não acreditaria nele por causa do disfarce, e temia que até que vestisse novamente suas roupas reais, o jóvem já não estaria naquele lugar.
O rei tentou persuadi-lo a entrar em sua casa com ele, e ele recusou firmemente. Então, de repente, o rei pegou um dos sapatos deste mendigo, e fugiu. O jovem gritou e persegiu atrás do rei, chorando e uivando: “Eu não tenho mais sapatos, por que você os roubou?” Os guarda-costas do rei também viram isso e se perguntaram: como o rei é cruel com este mendigo? Mas, sabendo a bondade do rei, eles sabiam que havia coisas escondidas neste ato.
O Rei correu e entrou no túnel e o homem descalço chorou e chorou e seguiu-o. O Rei subiu a escada e mendigo continua seguindo-o. O Rei empurrou uma porta pesada e entrou e o menino seguiu. De repente, o mendigo se encontra num quarto luxuoso, o quarto pessoal do Rei, cercado pelos ministros do rei que ajoelham-se diante do rei e apresentam-lhe o seu manto real. Então quando o mendigo percebeu que todo este sofrimento foi para arrastá-lo ao quarto pessoal do Rei, ele também se ajoelhou diante do rei e começou a chorar.
O Rei sorriu para ele gentilmente e entregou-lhe a varinha e disse-lhe: eu fiz você perseguir-me para que ela se casasse com minha filha! Será que o mendigo lamentaria ter que correr sem sapatos? Afinal, foi essa perseguição que o levou à proximidade do Rei depois que ele não concordou em vir com boa persuasão!
Portanto, abençoada é a pessoa que alcança a proximidade de Hashem, através do cumprimento das mitsvót. No entanto, mesmo quando D'us traz sofrimento para o homem, essas agonias visam purificar o homem e aproximá-lo do propósito de sua vida, para desfrutar de D'us com prazer verdadeiro e perfeito.
Até aqui explicamos que o principal propósito da pessoa neste mundo é estar próxima a D'us. Caso a pessoa tenha mérito ele se aproximará através do cumprimento das mitsvót. Mesmo assim D'us faz com que a pessoa tenha certos sofrimentos com o intuito que a pessoa se aproxime mais e mais Dele.
Quando uma pessoa reconhece a grandiosidade do mérito de fazer D'us feliz mesmo em suas pequenas ações, a pessoa não pensará na recompensa que receberá.
Não sejam…esperando a recompensa…sejam como os servos…não esperando a recompensa
A princípio, nesta mishná está escrita uma dupla linguagem: não sejam como servos que servem…esperenado a recompensa, mas sejam como os servos…não esperando a recompensa. Essa dualidade se destina a afiar as coisas e a evitar mal-entendidos.
O sábio da mishná, não anula o serviço prestado a D'us feito para receber recompensa, determinando que não tem valor. Não é este o entedimento!!!!!
A Mishna deseja apenas enfatizar que a maneira elevada na qual o judeu deve aspirar no serviço Divino, é servir a D'us por puro amor e alegria. Isto é sem a recompensa esperada no final da estrada, mesmo que exista com certeza, como meta.
A Gemara apresenta um exemplo fundamental da agudização do entendimento:
Na casa de um judeu havia problemas: seu filho adoeceu e os médicos desistiram de sua cura. O judeu toma uma moeda, coloca-a na caixa de tsedacá e diz: “Esta moeda é para caridade para que meu filho viva”. Um tal ato é considerado uma mitzvá?
A resposta é: SIM!!!!
No fundo da alma, é enraizado o desejo interior de fazer a vontade de D'us, com pura intenção e sem lucro. Portanto, mesmo que, a decisão celestial seja outra, por causa de relatos ocultos, e com isso pode acontecer que a criança não se recuperará e não se levantará de seu leito de enfermidade, a pessoa não reclamará pelo decreto Divino, e certamente não se arrependerá da mitzvá que cumpriu. A pessoa sabe que a recompensa não precisa ser imediata.
Este exemplo nos ajuda a aprimorar e entender a abordagem correta em relação à recompensa e à mitzva. O sábio de nossa Mishná nos ensina: “Não sejam como servos que servem a seu mestre para receber uma recompensa” – não estejam entre as pessoas cujo trabalho inteiro depende da recompensa, deste modo, quando não estiverem satisfeitos com a recompensa, eles virarão as costas para o desapontamento e não continuarão a servir a D'us.
Recompensa ou salário
A mishná usou a linguagem recompensa e não salário. Por quê?
“Salário” é um pagamento dado como uma remuneração adequada para um trabalho. Uma pessoa é obrigada a pagar salário ao seu operário. Por outro lado, “recompensa” significa um presente dado a uma pessoa por generosidade e não por obrigação. A recompensa é outorgada como um sinal de carinho e apreciação, mas não é juridicamente vinculativo.
Na expressão “receber recompensa”, o sábio da mishná nos ensina, que se referir à recompensa por realizar mitzvot como “salário” e não como “recompensa” é inválida. É permitido esperar uma boa recompensa do Criador, mas é proibido errar com o pensamento de que “eu mereço” ou “me devem”. A promessa de D'us de dar uma recompensa por uma mitzva é uma espécie de bondade, e não é um direito que entra em lei.
Se a recompensa pelas mitsvót não é um salário e sim um presente dado por D'us, entendemos que ao cumprir as mitsvót estamos agradando a vontade Dele.
Será que D'us precisa de nossas mitsvót?
Nós “Lhe damos” algo de nossa parte fazendo a vontade Dele? É ele quem nos dá força e capacidade de fazer o bem. A vida, a saúde e a propriedade derivam Dele.
Quando um judeu circuncidou seu filho – quem lhe deu um filho? Quando ele colocou uma mezuzá em sua casa, quem lhe deu uma casa? Nós nunca podemos devolver até mesmo parte da dívida que devemos a D'us, já que o instrumento para cumprir o mandamento é dele.
Assim diz D'us para Yiov (41: 3): “Quem vai me preceder e pagá-lo?” Quem me deu algo antes eu lhe dei a habilidade de agir? Quem me deu qualquer coisa para dizer que eu sou o devedor, e devo pagar minha dívida?
Realmente, ao cumprir as mitsvót, a pessoa não dá nada, mas absolutamente nada a D'us. Um dos intuitos mais profundo das mitsvót, é para que a pessoa sinta que tudo que ele recebe tem alguém que lhe dá as coisas, e que ao cumpí-las a pessoa não preenche nem uma gota de água do mar em relação ao que ele está obrigado a agradecer ao Eterno. Portanto, é incabível dizer que a pessoa recebe “salário” por suas mitsvót.
Temor aos céus
O fim da mishná completa as instruções. O sábio da mishná nos fornece uma orientação profunda e abrangente para a vida: “Que haja um temor do céu sobre você”. A questão surge: qual é o lugar para ordenar aqui o medo de D'us, por medo do castigo, depois de nos conscientizarmos da necessidade de serví-LO por amor, por alegria e anseio?
A primeira parte da Mishna exige, como afirmado, servir a D'us por amor, sem pensar em recompensa. A segunda parte diz: mesmo quando você sente que alcançou o nível de servir a D'us por amor, não negligencie o fundamento de serví-lo por temor.
Embora o serviço prestado a D'us por amor seja de um nível muito alto, mas não é suficiente. Ambas as formas devem ser combinadas – também é necessário temer a Deus. O amor de Deus acelerará a observância das mitzvot para satisfazer a vontade Divina, sem qualquer expectativa de recompensa. O temor a D'us, por outro lado, impedirá o homem de pecar e transgredir os mandamentos negativos.
Esta é a intenção de Antiginos: Tente adquirir tal temor a D'us, por conta prórpia. Um temor que não seja descartável e nem aleatório. Este temor estará tão profundamente arraigado em sua mente que, contrariamente à natureza humana egoísta, você transcenderá pequenas considerações egoístas e servirá a D'us não para receber uma recompensa.
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